A espiral do conhecimento

Três questões acompanham o desenvolvimento da tecnologia: somos capazes de transformar conhecimento em riqueza? Somos capazes de produzir riquezas com desenvolvimento sustentável? Como fazer isso respeitando critérios éticos e sociais?


“Precisamos também analisar se o conhecimento que estamos produzindo é útil”, disse o secretário de Estado da Secretaria de Ensino Superior e ex-reitor da Unicamp, Carlos Vogt, durante a abertura oficial da II Semana de Pesquisa, ocorrida ontem (5) à noite, no auditório da FCM.


De acordo com Vogt, a natureza do conhecimento contemporâneo é multidisciplinar. Novas disciplinas nascem de antigas, num processo chamado pelo coordenador do Laboratório de Jornalismo da Unicamp de vertigem da especialidade. “As áreas biomédicas, em especial a genética, são exemplos desse processo”, explicou.


Na sua palestra “A utilidade do conhecimento”, Vogt destacou um quadrante divido em ações que, para ele, podem facilitar o entendimento e a expansão da riqueza do país: a produção e difusão da ciência; o ensino da ciência e formação de cientistas; o ensino para a ciência e a divulgação científica.


Utilizando um trecho do conto “A biblioteca de Babel”, de Jorge Luis Borges, Vogt procurou explicar o sentido da vida e a relação com a produção do conhecimento científico. Nesse conto, Borges descreve um espaço tão grande que não pode ser percorrido e onde toda informação do mundo (e a desinformação também) estão à disposição de todos, inclusive a história passada e futura de suas vidas e todas as suas diferentes vidas possíveis ou não. A coleção desta biblioteca é tão vasta e avassaladora que encontrar algo de valor nela é quase impossível.


“Essa metáfora representa a busca incessante da humanidade pela felicidade e pelo prazer, que pode ser gerado pelas pesquisas ao agregarem utilidade para a vida das pessoas”, explicou o lingüista.


Carlos Vogt também informou que a Secretaria de Ensino Superior lançará, no segundo semestre deste ano, um projeto de ensino à distância para a formação e capacitação de docentes para o ensino médio. “Estamos criando a Universidade Virtual do Estado do São Paulo que contará com a participação da Unicamp, USP e Unesp. É um esforço para expandir o ensino superior público e socializar a difusão do conhecimento e a capacitação profissional”, concluiu.


A II Semana de Pesquisa termina no dia 8 com a entrega de prêmios aos cinco melhores trabalhos apresentados durante os quatro dias do evento. A II Semana de Pesquisa é organizada pela Câmara de Pesquisa da FCM e teve, nesse ano, 240 trabalhos inscritos. O tema das pesquisas é inovação.