Residências Médica e Multiprofissional - Comunicado 02
Faculdade de Ciência Médicas Comissões de Residência Médica e Multiprofissional |
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Prezados Residentes, A chegada da pandemia de coronavírus ao Brasil, apesar de não nos ter pego de surpresa, é uma experiência tão nova para todos que quaisquer esforços de planejamento se mostram insuficientes. A Faculdade de Ciências Médicas, o Hospital das Clínicas da Unicamp, CAISM, Gastrocentro, Hemocentro e o HES, e a própria Universidade estão aprendendo a lidar com o inusitado e têm se esforçado para que isso aconteça de forma respeitosa, correta e solidária. Ainda que profissionais da instituição carreguem muitos anos de clínica na sua bagagem, nunca uma experiência como essa foi vivenciada e, portanto, sentimentos de apreensão e incerteza têm ocorrido a todos, todavia, tendem a ser mais intensos nos mais jovens, talvez acrescidos de sensação de abandono. O Plano de Contingenciamento criado no HC Unicamp está sendo elaborado e modificado desde a notícia da explosão de casos na China, o que, no entanto, não significa que a cada dia não tenhamos uma demanda e enfrentamento diferentes para cada nova situação. Ainda não chegamos neste ponto, mas os dados internacionais indicam que em breve ocorrerá sobrecarga dos serviços médicos, imprevisibilidade sobre a capacidade de atendimento e, em casos extremos, perda de vidas por falta de recursos humanos e materiais. Quando escolhemos ser médicos esperamos exercer a medicina segundo inclinações individuais e expectativas de oferecer melhores condições de saúde ao outro. Esta tarefa, árdua e cotidiana, é indissociável de responsabilidades sobre as muitas dimensões do cuidar. Escalas de trabalho estão em planejamento, ainda sem definição de funções. Tem sido um trabalho bastante difícil motivar as equipes para os desafios que vêm à frente, que incluem, mas não se limitam, à necessidade de recursos humanos e materiais, e o acolhimento das demandas e preocupações de médicos, residentes e demais profissionais. Demandas por vezes nascidas das angústias deste cuidar, e que não devem ser minimizadas, ao contrário, precisam ser validadas e encaminhadas. Não vamos deixar de ouvir as pessoas. Não vamos diminuir a importância que todos têm nos momentos de decisões. Não deixaremos de nos preocupar com a integridade física e emocional de nossos médicos. É fundamental dizer que enquanto todo o planejamento é realizado, e as ações executadas, queremos tratar todos com o respeito e delicadeza que a situação exige sem, entretanto, deixarmos de ser contundentes quanto à necessidade de realizarmos, da melhor forma for possível, a nossa primordial função, a de cuidar. Atenciosamente, Prof. Dr. Ricardo Mendes Pereira |