Em artigo de revisão, pesquisadores da Unicamp e colaboradores pontuam as relações entre as duas condições, que têm protocolos de atendimento distintos. Grupo também identificou biomarcadores que podem auxiliar no diagnóstico diferencial
Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Durante a pandemia de COVID-19, sobretudo antes de as vacinas estarem disponíveis, soou o alerta para uma possível correlação entre casos graves de COVID-19 em gestantes e pré-eclâmpsia, condição caracterizada pelo aumento persistente da pressão arterial materna durante a gestação e que pode trazer graves danos para a mãe e o bebê. Grávidas infectadas pelo SARS-CoV-2 tendiam a apresentar quadros de pré-eclâmpsia com maior frequência, além de risco aumentado de complicações e morte.
Um dos desafios clínicos na época era fazer o diagnóstico diferencial. Isso porque a pré-eclâmpsia, que tem maior prevalência no terceiro trimestre de gestação, é uma doença que vai além de alterações na pressão arterial. Eleva o risco de insuficiência renal, hepática e disfunção placentária – condições que uma paciente com COVID-19 grave também pode apresentar em decorrência da inflamação exacerbada induzida pelo coronavírus.
E o protocolo de atendimento para as duas situações é, em geral, diferente: enquanto a indicação para pré-eclâmpsia é antecipar o parto, interrompendo a gravidez, no caso da COVID-19 pode-se manter a gestação, com suporte clínico até a melhora da infecção. Ou seja, sobretudo nos casos mais graves de pré-eclâmpsia (chamados de síndrome HELLP) e precoces (antes de 34 semanas de gestação) era ainda mais importante garantir o diagnóstico adequado.
Três anos após o período mais letal da pandemia, uma revisão de estudos conduzida com apoio da FAPESP e publicada no American Journal of Reproductive Immunology sugere a existência de uma relação entre a fisiopatologia da pré-eclâmpsia e a da COVID-19.
Continue lendo. Conteúdo originalmente publicado pela Agência Fapesp.