Uma reportagem da BBC News Brasil, publicada em 31 de março, denuncia que várias empresas vêm oferecendo o suposto tratamento precoce contra Covid-19 aos seus funcionários. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) passou, então, a orientar seus sindicatos a acolherem denúncias de trabalhadores que se sintam lesados com tais ações, bem como a intensificarem a fiscalização para que essas empresas sejam denunciadas ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
O kit-Covid, como é chamado, é composto por medicamentos como a ivermectina e a hidroxicloroquina e defendidos como forma de evitar a doença, mas sem nenhuma comprovação científica de acordo com cientistas, médicos e autoridades de saúde. Ao contrário, o kit-Covid pode causar danos à saúde. Médicos relatam que vários pacientes infectados que estão chegando aos hospitais em estado grave usaram alguns dos medicamentos do kit. Alguns já estão, inclusive, na fila de transplante de fígado em São Paulo.
A médica especializada em Medicina do Trabalho e professora do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Marcia Bandini, alerta sobre a Covid-19, uma doença muito nova, de apresentação variada, com casos que vão desde os assintomáticos até os graves.
De acordo com Marcia, 80% dos casos são muito leves, mas a ciência ainda está aprendendo sobre a doença. “Existe um pensamento de que quanto mais cedo a pessoa identificar e tratar a doença, será melhor para o paciente. Mas esse pensamento nos leva a uma série de equívocos, como os já observados durante a pandemia – um deles o tratamento precoce", disse a especialista da FCM em entrevista concedida ao jornalista Andre Accarini, da CUT.
Ainda segundo Marcia, a ciência não conhece totalmente a doença e, por isso, não sabe, ainda, o tratamento adequado. "Os casos se acumulam e as pessoas começam a tentar um pouco de tudo. Há mais de 120 mil estudos feitos em um ano de pandemia e de todos eles só há uma perspectiva terapêutica que se mostrou um pouco mais promissora, que é o uso de corticoides como a dexametazona, mas ainda assim não pode ser usada desde o começo, somente em alguns casos”, afirma Marcia.
Para a Secretária de Saúde do Trabalhador da CUT, Madalena Margarida Silva, “é lamentável que em uma situação de crise grave como a que vivemos, com pessoas com medo de contrair o vírus forcem trabalhadores a aderirem a tratamentos que não evitarão a infecção, pelo contrário, ainda podem deixar sequelas graves".
Leia a matéria completa publicada, originalmente, no site da CUT.