Vivemos momentos difíceis e inéditos para todos nós. O coronavírus tem assolado de forma devastadora o mundo todo, demonstrando grande poder de disseminação e forçando a tomada de medidas extremas. Ainda sem medicação e sem vacina específicas, nos resta a prevenção como melhor defesa possível.
A pessoas que morreram até agora no Brasil por causa no novo coronavírus tinham em comum doenças prévias, além do fato de serem idosos. Sabemos que o diabetes é um importante fator de risco para resultados adversos e todos os relatos da China e da Europa confirmam o risco de pior evolução entre as pessoas com diabetes. Por quê?
Aprendemos algumas coisas nas duas infecções anteriores por CoV: a síndrome respiratória aguda grave (SARS) que ocorreu em 2002 e afetou mais de 8000 pessoas, principalmente na Ásia, e na síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS) que, em 2012, afetou mais de 2000 pessoas, principalmente na Arábia Saudita.
Um modelo de camundongo transgênico que expressa o receptor da dipeptidil peptidase IV humana (DPP-IV) em células alveolares pulmonares, receptor ao qual o MERS-CoV se liga, foi usado para estudar o efeito do diabetes no agravamento da doença.
Estes estudos mostraram associação de diabetes com maior perda de peso e maior inflamação pulmonar, com infiltrados de macrófagos semelhantes aos observados clinicamente na doença (1).
Mais do que nunca, diabéticos, assim como cardiopatas, hipertensos ou portadores de outras doenças crônicas, merecem especial atenção no controle de suas condições e, claro, nas medidas preventivas.
Referência
1. Zachary T. Bloomgarden. Diabetes and COVID-19. J Diabetes. 2020 Apr;12(4):347-348.
Laura Sterian Ward é é professora titular da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, responsável pelo Laboratório de Genética Molecular do Câncer. No início de 2020 ficou entre as 250 mulheres brasileiras que se destacam pela atuação científica, reconhecimento conferido pelos institutos Gênero e Número e Serrapilheira, através do projeto Open Box da Ciência.